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amanuense '78

... decorria  o ano de '78 e como provavelmente não arranjaria trabalho por ainda não ter cumprido o serviço militar aventurei-me voluntariamente a aprender como se faz... fui para a Escola de Cabos do Serviço de Material felizmente pois tinha o comboio logo ali e alternadamente lá vinha a casa.... foi uma etapa difícil na minha vida pois foi a primeira vez que estava afastado da família (pais e irmãos e irmãs) e já tinha façanhas que contar tanto na vinda como na ida. Foram desasseis meses FUNtásticos , pela primeira vez fui fazer o que queria, ser homem pois "só quem ia à tropa era homem" e eu quis ver como era pois a minha infância foi descobrir como era que as rodas dos dinky toys não saiam como as do carro dos adultos, como se fazia o volante duma trotineta de rolamentos virar como a dos meus amigos...enfim, fazer e andar de carrinhos de rolamentos e rasgar as calças pelos joelhos (aí é que entrava a minha mãe porque guardava as minhas melhores calças para o domingo)

entretanto

 enfim, fomos abrigados pelo sistema visto que o instituto criado para os refugiados do ultramar já tinha sido extinto, já toda a gente tinha vindo das áfricas e os que restavam, como nós seriam tratados "accordingly". Fomos transferidos de Alcântara para S. Domingos de Rana e lá ficámos até Dezembro de '78 quando nos aventurámos em direcção ao Minho onde vivemos até ao dia de hoje, na Paz do Senhor... Cristelo mais propriamente, foi a aldeia preferida da matriarca para assentar arraias e... Cristelo foi até 1980, vivendo de agricultura, semeando milho com aquele arado engraçado de uma rodinha só e uma lata sobreposta onde se depositava o grão que cairia da mesma para o chão por um tubo, compassadamente para que não nascessem encavalitados, mas a velocidade do camponês teria que ser a certa senão só se semeava metade da leira... e eu tinha que ir a Caminha, a pé, por caminhos escuros como bréu, apanhar o comboio das 20h que me levaria de volta à minha realidade, à que eu

retornados ....

  .... o ano de Jesus Cristo de ´77 estava a começar quando recebemos a confirmação de voo para a metrópole... ficámos extasiados pois era o que mais queríamos, ansiávamos, não só face aos acontecimentos que nos rodeavam e de que nos dávamos conta como também do "diz que disse" que nos assolava diariamente. Era Verão donde vínhamos, estávamos habituados a calções e t-shirt a maior parte das nossas vidas e até a nossa pele ficava bronzeada mais facilmente logo aos primeiros dias de sol, não precisávamos espraiar, o dia a dia era o suficiente. Isto tudo para me relembrar que a 17 de Janeiro pelas 8h30m (dia de aniversário da nossa Mãe) quando metemos o nariz fora do avião apanhámos todos a primeira gripe das nossas vidas, não tardou muito, um a um cairmos todos à cama.... "todos" não era a tragédia mas a nossa Mãe incluída é que era trágico (quem iria tomar conta de nós ?!) perdemos logo todos o norte, nosso Pai principalmente.